A Casa de Vidro apresenta-se como um volume de vidro suspenso sobre a encosta. A entrada é feita por baixo da casa, criando um inusitado hall a céu aberto, rodeado por vegetação. No interior, a sensação é a de quem está numa casa da árvore, circundado em todos os sentidos pela tropicalidade luxuriante da vegetação, que também lhe confere um forte sentido de intimidade pouco comum em casas onde o vidro em fachada é dominante. O pavimento em pastilha azul céu é também incomum, ampliando ainda mais a luz natural, como se de o céu reflectido se tratasse, tornado em conjunto com o piso suspenso e os em paramentos de vidro, o espaço totalmente imaterial.
Os interiores e o mobiliário revelam mais uma vez a sensibilidade impar de Lina, que se apropriou fortemente da cultura brasileira, tanto a erudita como da popular. Todos os objectos existentes são o reflexo da pesquisa e coleccionismo de uma vida. Do barroco Português, ao modernismo brasileiro da década de 60, tudo se conjuga. A leveza da arquitectura, equilibra magistralmente o que poderiam ser espaços de objectos densos. Por outro lado há simplicidade do materiais e dos objectos, puros e funcionais.
Para nós, este é um brilhante exemplo de como se pode pensar e habitar o espaço de forma totalmente moderna, estando atento ao passado e à cultura, através de soluções inovadoras mas sem comprometer a sensação de conforto e de bem estar.